sábado, 6 de outubro de 2012

Em busca das nuances da Textura, ou...



..."como enchergar (escutar) abismos nos lugares comuns" (???)

Estamos tão acostumados com nossos costumes que uma simples folha verde não passa de uma folha como qualquer outra coisa que estamos acostumados, como nossos modos de ver e ouvir e pensar e imaginar interpretando sempre as coisas do jeito que já sabemos como elas são e muitas outras coisas passam desapercebidas como se simplesmeste não existissem em nossas vidas mas que estão de alguma forma presentes em nosso cotidiano sem perguntar nada, sem cobrar nada, e sem nenhuma necessidade de chamar atenção pelo simples fato de somente serem o que são pelo direito de.

Ouvir uma coisa especial não é tão simples assim, assim como perceber as coisas que são imperceptíveis, pois sempre é a mesma coisa que volta no pensamento, os mesmos sons, mas que não são sons, são imagens, são sentimentos, alegrias, tristezas, lembranças sobre lembranças, e pessoas e mil outras coisas, tudo já predeterminado pelos costumes, hábitos, desejos e.

Ouvir uma nuance numa folha de parreira é como enchergar uma pequena alma perdida, espremida entre as texturas sonoras de um Ligeti ou num abismo de silêncio nas noites em claro quando tudo parece já não fazer mais sentido, e um pequeno soluço salta na folha como um ponto que quer respirar, lufada de ar que abre o arco dos caminhos sem margens, entusiasmo e espanto de quem acaba de nascer e só sabe que precisa seguir adiante, uma linha que se move em semínimas pontuadas, outra em colcheias tercinadas, do pianíssimo até.

Blocos!!! ...isso mesmo, um pequeno imenso bloco polirrítmico que se desintegra naturalmente, sem contar os tempos e novamente na noite, uma serenata de grilos para a retomada de um outro médio imenso bloco polirrítmico, um pouco mais perturbado, e a noite vara a própria noite numa linha mais intensa, mais consistente para a grande partilha do grande imenso bloco polirrítmico que desbaba espectralmente, assim, deslizando nas cordas, e começa um novo ciclo: cobras criadas nas madeiras, num tumulto que é só delas e ninguém tem o direito de.


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